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2007-07-26

Retrato do Chefe ;)

Esta é a fábula de um alto executivo que, "stressado", foi um dia ao
psiquiatra.

Relatou ao médico o seu caso. O psiquiatra, experiente, logo diagnosticou:

- O Sr. precisa de se afastar, por duas semanas, da sua actividade
profissional. O conveniente é que vá para o interior, isole-se do
dia-a-dia e busque algumas actividades que o relaxem.

Então, o nosso executivo procurou seguir as orientações recebidas. Munido de
vários
livros, CDs e "laptop", mas sem o telemóvel, partiu para a quinta de um
amigo.

Passados os dois primeiros dias, o nosso executivo já havia lido dois
livros e ouvido quase todos os CDs.

Porém, continuava inquieto. Pensou, então, que alguma atividade física seria
um
bom antídoto para a ansiedade que ainda o dominava.

Procurou o capataz da quinta e pediu-lhe trabalho para fazer.

O capataz ficou pensativo e , vendo um monte de esterco que havia
acabado de chegar, disse ao nosso executivo:

- O Senhor Doutor pode ir espalhando aquele esterco em toda aquela área que
será preparada para o cultivo.

Pensou o capataz para consigo próprio:

"Ele deverá demorar uma semana com esta tarefa".

Puro engano !

No dia seguinte já o nosso executivo tinha distribuído todo o esterco por
toda a área.

O capataz deu-lhe então a seguinte tarefa: abater 500 galinhas com
uma faca.

Tarefa que se revelou muito fácil para o executivo ansioso: em menos de 3
horas já estavam todos os galináceos prontos para serem
depenados!

Pediu logo nova tarefa.

O capataz disse-lhe então:

- Estamos a iniciar a colheita de laranjas. O Senhor Doutor vá, por favor,
ao laranjal e
leve consigo três cestos para distribuir as laranjas por tamanhos: pequenas,
médias e grandes.

Passou o dia e o executivo não regressou com a tarefa cumprida.

Preocupado, o capataz dirigiu-se ao laranjal.

Viu o nosso executivo, com uma laranja na mão, os cestos totalmente
vazios, e a falar sózinho:

- Esta é grande. Não, é média. Ou será pequena???

- Esta é pequena. Não, é grande. Ou será média???

- Esta é média. Não, é pequena. Ou será grande???

Moral da história:

Espalhar porcaria e cortar cabeças é fácil. O difícil é tomar decisões.

2007-07-16

África Minha

África Dela

Eu nunca tive uma casa em África
mas Niza teve.

Nunca vi os pássaros alvorecendo no céu ateado de luz
mas Niza viu.

Nunca andei na longa estrada com os pés encarnados molhados de terra
mas a Niza andou.

Nunca senti o cacimbo arrefecendo a madrugada azul do palmar
mas a Niza sentiu.

Nunca brinquei com o macaco pequeno no dia dos meus anos
mas a Niza brincou.

Nunca comi o fruto da mangueira doce de sol e açúcar
mas a Niza comeu.

Nunca corri nas imensidões de areia acelerado sobre a rebentação
mas a Niza correu.

Nunca ouvi o batuque avançado descontrolado pelo meu corpo
mas a Niza ouviu.

Nunca descansei à sombra da árvore grande
mas a Niza descansou

Nunca cheirei o fogo espalhando a terra e o vento
mas a Niza cheirou.

Eu nunca voltei a África
mas a Niza regressou.

Fernando Camecelha

(Prefácio do Livro Volta à Zambézia, de Niza Paiva)


Este poema encontrei-o no Blog Livro e Autores , e não resisti a ilustrá-lo. De tudo o que o poema diz, e que não me aconteceu, é que eu não voltei a África.